No dia 13/03, quinta-feira, a conhecida jornalista, tradutora e editora Rosa Freire d'Aguiar foi a convidada especial para uma conversa inspiradora sobre o tema "Memória, Jornalismo e Literatura". O evento online marcou a retomada neste ano do programa Encontros Plurais, da Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, e foi apresentado ao vivo pelo canal do YouTube da Escola. A iniciativa contou com a parceria do Grupo de Trabalho (GT) Gênero do Observatório de Políticas Públicas, em comemoração ao Dia Internacional dedicado às Mulheres.
Com sua vasta experiência no jornalismo e no mercado editorial, Rosa Freire d'Aguiar compartilhou suas reflexões sobre a importância da preservação da memória na construção de narrativas jornalísticas e literárias. Na oportunidade, ela destacou que a memória não é apenas um repositório de fatos, mas um elemento ativo que molda a forma como as histórias são contadas, permitindo a interpretação do mundo de cada pessoa.
O vasto currículo de Rosa informa que ela é viúva do ex-ministro do Planejamento e Orçamento, Celso Furtado, e fundadora do Centro Internacional de Políticas para o Desenvolvimento dedicado ao legado do economista. Ela se destaca como autora do livro Sempre Paris, no qual a escritora narra o tempo em que morou com Celso Furtado, na Europa. A obra apresenta crônicas da época em que viveu na capital francesa, retratando o cotidiano de seus escritores, artistas, cafés tradicionais, além mostrar as transformações culturais da cidade. Ao combinar memórias e entrevistas, a jornalista Rosa Freire d'Aguiar registrou uma cidade e um período de efervescência artística criativa. Sua obra foi vencedora do Prêmio Jabuti de 2024 nas categorias crônica e livro do ano.
Durante o bate papo, Rosa destacou sua trajetória como correspondente internacional em Paris, que teve início em 1973, que lhe permitiu cobrir eventos históricos como a Revolução Iraniana e a Guerra do Líbano. Na ocasião, ela enfatizou que a memória é fundamental para o jornalismo, pois permite contextualizar eventos e oferecer uma perspectiva mais aprofundada sobre os acontecimentos. Revelou ainda que o sentimento de solidariedade foi marcante na vida da grande maioria dos exilados políticos brasileiros que foram amplamente acolhidos pela França durante a ditadura militar brasileira.
Rosa também abordou a relação entre memória e literatura, destacando como os escritores, e também os tradutores, utilizam suas lembranças para criar obras que repercutem junto aos leitores. Para ela, a literatura é uma maneira de eternizar memórias e retratar experiências pessoais e coletivas. Nesse momento, ela relatou o trabalho como correspondente para apontar passagens de relevância que deixaram marcas profundas mesmo para uma jornalista experiente como ela.
Como tradutora, Rosa Freire d'Aguiar ressaltou a responsabilidade de preservar a essência das obras originais, garantindo que as memórias e as intenções dos autores sejam fielmente transmitidas aos leitores de outras culturas. Ela compartilhou sua experiência na tradução de obras de autores renomados como Balzac e Marcel Proust, seus autores preferidos, entre outros. Rosa revelou que produziu traduções marcantes dentre centenas de obras, vertidas para diversas línguas, tendo o francês como idioma original.
Durante o encontro, Rosa fez uma revelação importante sobre seu próximo projeto editorial. Trata-se da edição de um livro contendo contos, crônicas e o conteúdo das cartas escritas pelo economista Celso Furtado para a mãe ao longo do período em que ele participou da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial na Europa.
A palestra de Rosa Freire d'Aguiar representou um convite à reflexão sobre o poder da memória, do jornalismo e da literatura. Sua visão apaixonada e as experiências enriquecedoras que vivenciou encantaram a todos, deixando claro a importância de valorizar a memória como elemento vital na construção de narrativas que informam, emocionam e transformam as pessoas em todo o mundo. Ao abordar as comemorações pelo Dia Internacional das Mulheres, no encerramento do encontro, Rosa defendeu ações imediatas de toda a sociedade brasileira para combater a violação de direitos das mulheres, em especial a luta contra o feminicídio registrado em todo o país.
A conversa online teve condução de Maria Angélica Fernandes, coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) Gênero do Observatório de Políticas Públicas fo TCMSP, jornalista e doutoranda do Programa de Ciências Sociais e Humanidades (UFABC).
Essa atividade virtual, bem como o registro de diversos outros eventos, permanece disponível para consulta do público interessado por meio da página da EGC no Youtube.
Confira a íntegra dessa edição do Encontros Plurais.