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Assessoria de Imprensa, 15/02/2022

Com o objetivo de ensinar as técnicas necessárias para a construção de artigos científicos, a Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) realizou, na sexta-feira (11/02), a última parte da aula sobre a elaboração desses trabalhos.

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Para ministrar a segunda exposição, o evento contou com a presença da mais nova diretora-presidente da EGC, Ana Carla Bliacheriene, e da professora da Universidade de São Paulo (FDRP-USP), Maria Hemília Fonseca. A mediação ficou a cargo de Valdir Buqui, coordenador da Escola.

Na primeira aula, a professora Ana Carla Bliacheriene, basicamente, conduziu um apanhado geral do que diferenciava um artigo científico de um artigo não-científico e apontou características essenciais para construção do documento. Já a aula atual teve um viés mais prático, tratando sobre o método ordenado de proceder. "Nesse 'como fazer' vamos abordar um pouco das regras da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas], que a gente explicou que é uma regra neutra porque cada revista tem as suas próprias regras. Às vezes ela adota a ABNT e às vezes não adota a ABNT", alertou Bliacheriene.

Maria Hemília ressaltou que os requisitos que se apresentam em qualquer pesquisa não mudam em um artigo científico. A diferença é que os outros tipos de pesquisa não têm uma ideia central que está na problematização. "Nesse percurso tema/título/problematização, temos uma passagem muito importante, talvez a mais importante de um trabalho acadêmico, a mais difícil porque é o começo". A professora ensinou que a problematização não acontece sem a pessoa ler, por isso a necessidade de referencial teórico. Além disso, comentou como a possível resposta vira uma hipótese e, em seguida, a problematização se torna o objetivo geral do estudo. "Construído esse objetivo geral e essa problematização, tenho uma coisa muito boa: o fato de que não vou me perder. [...] Depois nós vamos para os objetivos específicos, ou seja, o corpo mesmo do texto. É como vou desenvolver ou que caminho vou percorrer para alcançar essa possível resposta ou atender essa pergunta com essa possível hipótese", completou.

"Para seguir esses passos, é preciso ter uma metodologia adequada. O método tem que ser capaz de fazer com que você alcance o seu objetivo geral, de fazer com que você consiga transitar pelos seus objetivos específicos para responder a pergunta de pesquisa, isso a gente viu bem na aula passada, que não adianta pegar um método de revisão de literatura e dizer que o objetivo da sua pesquisa é avaliar se a política pública de vagas de creches na cidade de São Paulo está adequada à população. Não é com revisão de literatura que você vai ver isso; precisa acessar dados, às vezes vai precisar de entrevista. Então, o seu método tem que ser hábil e apto para que você alcance os seus objetivos e responda a sua pergunta", continuou a diretora-presidente da EGC.

As professoras delinearam os pontos principais e perpassaram pelo que se espera atingir com métodos e metodologia, técnica de pesquisa e estudo de caso, segundo grandes autores.

Entrando na estrutura e elaboração do artigo científico propriamente dito, Hemília referenciou Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi ou tratar que os artigos não se constituem em matéria de livros; são publicados em revistas ou periódicos especializados; e por serem completos, permitem ao leitor repetir a experiência. Bliacheriene acrescentou que "quanto mais empírica a pesquisa e a metodologia, mais precisam ser descritos os passos seguidos porque esse caminho precisa ser trilhado pelo revisor ou por aquele que vai utilizar o seu trabalho (citar ou criticar)".

A diretora ainda aconselhou: "Se utilizem de um referencial teórico com método. Uma vez que escolheu o método e que acompanhou aquele referencial teórico, estude o passo a passo daquele método, aplique no seu trabalho e descreva o seu capítulo de método contando para o seu leitor qual foi o passo a passo que fez". E brincou: "Aí vem o que todo mundo espera de uma aula de como fazer um artigo científico, eu tenho certeza que todo mundo que se inscreveu estava esperando esse minuto: falarmos sobre y46 o que é elemento pré-textual, pós-textual e textual, como se isso fosse a coisa mais importante de uma conversa sobre como fazer um artigo. Se vocês aprenderam bem o que conversamos até agora, que tem a ver com a robustez e o conteúdo da sua entrega, isso [pré-textual, pós-textual e textual] é fácil".

Como elementos pré-textuais definiu: título no idioma do documento (obrigatório); título em outro idioma (opcional); autor (obrigatório); resumo no idioma do documento (obrigatório); resumo em outro idioma (opcional); datas de submissão e aprovação do artigo (obrigatório) e identificação e disponibilidade (opcional).

Já como elementos textuais elencou: introdução (obrigatório); desenvolvimento (obrigatório) e considerações finais (obrigatório).

Nos elementos pós-textuais entram: referências (obrigatório); glossário (opcional); apêndice (opcional); anexo (opcional) e agradecimentos (opcional).

"Isso é forma, o artigo está pronto com tudo aquilo que vocês pensaram até chegar aqui", destacou Bliacheriene.

De acordo com as normas ABNT, as palestrantes ensinaram a elaborar o resumo (a partir dos pontos: introdução do tema, objetivos, metodologia, resultados); a introdução (com a delimitação do assunto tratado, justificativa, objetivos, hipóteses, metodologia, limitações da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema); as considerações finais (onde se apresentam as conclusões obtidas, que devem responder às questões da pesquisa, correspondentes aos objetivos e hipóteses. Além disso, devem ser breves podendo apresentar recomendações e sugestões para trabalhos futuros) e referências (conjunto padronizado de elementos que permitem sua identidade individual e devem constar na lista de referências os documentos que foram efetivamente citados no texto).

"Queremos que vocês sintam que fazer ciência é possível desde que se domine as técnicas. Para dominar as técnicas tem que ter humildade de pensamento, tem que ter fidelidade com o pensamento do outro, tem que ter, acima de tudo, uma vontade de transformação. Eu sei que é difícil nos distanciarmos da vaidade, é muito bom, é muito gostoso e gratificante ser citado por alguém, isso é uma coisa maravilhosa, mas essa não é a coisa mais importante que um cientista pode fazer, embora uma das métricas do seu impacto social seja essa. [...] Então, sigam as técnicas, sigam esse caminho que estamos dando para vocês, não vamos mentir dizendo que é um caminho fácil, leve, porque não é, é trabalhoso, mas ele é recompensador quando vemos a transformação que fomos capazes de fazer influenciando o pensamento de pessoas, ajudando a produzir a ciência", finalizou a diretora-presidente Bliacheriene.

As perguntas que chegaram pelo chat foram respondidas durante a conversa das debatedoras.

A primeira parte da aula pode ser assistida aqui: 

 

Assista aqui a segunda parte completa: 

 

Ana Carla Bliacheriene, diretora-presidente da EGC, e Maria Hemília Fonseca, professora da Universidade de São Paulo (FDRP-USP)