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Assessoria de Imprensa, 07/07/2017

A terceira edição da série “Encontros na Escola de Conta”, conduzida pelo sociólogo Jessé Souza e pelo jornalista Florestan Fernandes Jr., contou nesta quarta-feira, 5 de julho, com a participação do professor Samuel Pessôa.

 

Físico com doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo e pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Samuel Pessôa fez uma análise da conjuntura econômica e política do Brasil e respondeu às perguntas formuladas pelos apresentadores do programa, pela plateia que acompanhou o encontro no auditório da Escola de Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo e pelos internautas que assistiram à transmissão do evento pelo Facebook.

O economista reconheceu que o país vive uma crise profunda resultante da conjunção de duas dinâmicas independentes que se reforçam mutuamente. “Há, por um lado, o esgotamento do que chamo de contrato social da redemocratização, fruto da Constituição de 1988 e do desejo de construir aqui um estado de bem-estar social de padrão europeu continental”, afirmou. Para ele, esse modelo, que vem sendo reforçado e referendado nas últimas eleições presidenciais, esgotou-se, pois não há mais bases tributárias para sustentar as demandas de um estado com esse perfil. “Por outro lado, existe a convicção de intelectuais ligados a um modelo estruturalista que defendem o intervencionismo do Estado na economia”, completou. Segundo Pessôa, essa agenda saiu muito cara para o Tesouro nacional, gerando o esgotamento fiscal e principalmente uma dificuldade de manter programas muito ambiciosos de investimento.

Ainda segundo o economista, um modelo no qual o Brasil deveria se inspirar a fim de buscar uma solução à crise é o de países do leste asiático. Não focando na tradição de pensamento do estruturalismo latino-americano, que associa o desenvolvimento econômico de lá ao papel de intervenção do estado na economia, mas na capacidade que essas sociedades tiveram de produzir sistemas de educação pública de altíssima qualidade e de poupança doméstica, gerando um equilíbrio fiscal e uma taxa de juros muito baixa. “Na minha visão, são esses fatores que produzem o desenvolvimento econômico da Coreia, de Taiwan, do Japão, de China, e não o intervencionismo estatal”, afirmou. No entanto, ele admitiu que poupar para promover o equilíbrio fiscal significa fazer com que a sociedade como um todo consuma menos, o que levaria a um maior desemprego no setor de serviços e à consequente redução dos salários nos setores industriais e comerciais, que empregariam os trabalhadores advindos daquele outro setor da economia. “Com salários mais baixos, o custo dos bens produzidos pela indústria nacional também cairia e isso seria um fator que daria mais competitividade aos produtos nacionais”, assegurou.

samuel pessoa

Samuel Pessôa debateu ainda a visão do professor e economista Bresser Pereira, convidado da edição anterior da série “Encontros na Escola de Contas”, que propõe o equilíbrio fiscal e o controle do câmbio para estimular a indústria nacional e tirar o país da crise. “Para que seja possível desvalorizar o câmbio, a gente simultaneamente tem que fazer o ajuste fiscal, que é aumento de poupança, e isso de fato vai gerar uma maior alocação da indústria”, disse Pessôa. “A diferença é que o Bresser vem de uma tradição desenvolvimentista estruturalista que está associada a uma visão de que, para ativar a economia, basta depreciar o câmbio e alocar recursos para setores que geram desenvolvimento econômico. Eu, olhando os números, não chego a essa conclusão. O PIB brasileiro aumentaria muito mais se eu mantivesse a alocação de recursos como está hoje, mas elevando a produtividade brasileira no mesmo patamar da norte-americana, porque a produtividade no Brasil é um quinto da produtividade americana”, concluiu.

Sobre o alto índice dos juros bancários, em contradição com as queda da taxa Selic, Pessôa disse que isso é em boa medida fruto da insegurança do setor bancário em relação a mudanças que vêm ocorrendo nas decisões relativas a dívidas que antes já estavam pacificadas na Justiça. “Também acho que precisamos rever essa visão de que os bancos têm uma rentabilidade excessiva. A taxa real de juros não é tão alta como se divulga. Ela pode chegar a 6%, que é alta, mas está longe de 30%”, afirma. Segundo ele, para se calcular essa taxa real, é preciso descontar o custo do setor bancário com seu patrimônio, o valor do refinanciamento de dívidas, que não pode ser considerado pagamento de juros, a correção monetária, que é mera atualização, e os impostos que incidem sobre esta.


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