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André Galindo da Costa

O expressionismo foi uma das manifestações culturais e artísticas mais importantes de todo o século XX. Baseou-se na valorização da expressão de sentimentos em oposição a formas racionais e lineares. Sua estética mostrou uma preocupação em valorizar a subjetividade do artista e não em descrever os fatos de maneira “objetiva”.

 

 

Ficou marcado, ainda, por sua morbidez e dramaticidade. Manifestou-se em diversas áreas das artes, como: pintura, escultura, literatura, artes gráficas, teatro, dança e cinema. Entre as obras expressionistas mais marcantes está o livro Berlin Alexanderplatz do escritor alemão Alfred Döblin e o quadro O Grito do pintor norueguês Edvard Munch.

Para entender a manifestação do expressionismo na Alemanha é necessário conhecer o contexto histórico, social e político do país na época. A Alemanha havia se unificado tardiamente, quando comparada a outras nações europeias. Sua unificação se deu apenas em 1871. Otto Von Bismark foi um importante líder desse processo, desprezando o paradigma liberal reinante naquele tempo e fazendo da nação uma importante potência industrial e imperial em ascensão.

As obras de Karl Marx influenciariam a organização do Partido Social Democrata alemão, que ainda no século XIX conseguiu influenciar a formação do primeiro sistema de proteção social europeu. No início do século XX o físico alemão Albert Einstein publica a Teoria da Relatividade questionando a mecânica newtoniana. No mesmo período Max Weber categoriza a burocracia como o modelo das organizações modernas e Georg Simmel tenta compreender a dinâmica social urbana.  Em 1929, Sigmund Freud publica em alemão o texto O mal-estar na civilização, onde considera que a cultura é capaz de gerar pulsões que causam mazelas para as pessoas.

Nos anos 1920 a Alemanha é o berço de um turbilhão de novas teorias que mudariam intimamente todo o mundo durante o século XX e que daria uma nova tonalidade a ideia de modernidade. A mesma Alemanha vivia na época uma tripla maldição: o fracasso da República de Weimar, a derrota na I Guerra Mundial e a humilhação no Tratado de Versalhes. Soma-se a isso a memória da barbárie gerada pela guerra.

Nesse contexto o cinema alemão terá um dos seus momentos mais sublimes, tendo o expressionismo como sua linha mestra. Seu estilo cinematográfico que prezou pela fantasia parecia refletir a destruição e a selvageria da guerra. Também representou o caos gerado pelo mundo industrial e a vida urbana.  As obras do expressionismo  alemão parecem remeter a grandes teorias, como as desenvolvidas por: Marx, Weber, Simmel, Freud e Einstein.

O cinema expressionista alemão fez história e se eternizou em obras-primas como: O Gabinete do Dr. Caligari (1919) de Robert Wiene, Nosferatu (1922) de Friedrich Wilhelm Murnau, Metropolis (1927) de Fritz Lang e O Homem que Ri (1928) de Paul Leni. Personagens como Conde Orlok, Maria, Cesare e Gwinplaine ficaram marcados no inconsciente coletivo pelas suas olheiras, palidez e exagero de expressões. Esses personagens refletiam um pouco o desespero e horror contido na alma do povo alemão na época. Pânico gerado pela barbárie da guerra. Manifestavam a “loucura”.

Essa corrente influenciou a cinematografia de outros países. Exemplo clássico disso é o filme Freaks (1932) do diretor estadunidense Tod Browing. Passada a era do expressionismo a Alemanha viveria dias intensos. Os tempos que vieram foram marcados pela ascensão do Partido Nazista ao poder, desenvolvimento da Teoria Crítica pela Escola de Frankfurt, a glória seguida do fracasso, derrota e mais bárbarie na II Guerra Mundial, a divisão do país em dois blocos ideológicos, a separação de Berlim por um muro e a invenção da música eletrônica com o Kraftwerk.

Mesmo assim, foi eleito o país preferido dos músicos britânicos Freddy Mercury e David Bowie, amantes declarados do expressionismo alemão, o qual inspirou algumas de suas músicas e de seus clipes. Talvez a intensidade do expressionismo ainda faça parte da alma dos alemães, mesmo que adormecida no inconsciente descrito por Freud ou nos sonhos que levavam ao sonambulismo de Cesare.

cesare


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