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Assessoria de Imprensa, 11/08/2020

Diferente das últimas edições do Cineclube da Escola de Gestão e Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP), a de sábado (08/08) buscou homenagear a trajetória de um grande nome do cinema brasileiro: Suzana Amaral, falecida no último dia 25/06. "A Suzana teve um papel muito importante no cinema brasileiro, de certa forma, teve um papel de precursora de outras cineastas, de outras gerações de mulheres diretoras e roteiristas que vieram depois", iniciou o chefe de gabinete da Escola de Gestão e Contas, Marcos Barreto, que, logo em seguida, apresentou Tomás Rezende, diretor, preparador de elenco e neto de Suzana; Flávia Amaral Rezende, filha de Suzana; Marcélia Cartaxo, atriz e Sabrina Greve, atriz, como os debatedores do evento.

Nas palavras da filha Flávia Amaral, o cinema não nasceu com Suzana Amaral só nos anos 1960. "Eu acho que o cinema e a Suzana nasceram juntos, na verdade. [...] Mesmo durante a vida familiar dela, de novo filhos, ela nunca deixou de se entusiasmar ou ir ao cinema. Muitas vezes ela até nos deixava sozinhos em casa, pequenos de tudo, e corria para ir ao cinema porque era realmente uma grande paixão. Eram duas paixões que Suzana tinha. Suzana tinha uma paixão pela literatura, ela chegou a estudar Letras até, e depois, nos anos 1960, ela foi para a Escola de Cinema", contou a filha.

Em um determinado ponto da vida, Suzana ganha uma bolsa na New York University (NYU) e decide ir para Nova Iorque. "Ela volta de lá bastante madura. Faz a dissertação de mestrado dela 'Minha vida, nossa luta', um documentário maravilhoso, inclusive, participativo e ela se envolve muito com a luta de mulheres da periferia de São Paulo e nesse momento é muito interessante porque por onde ela passava, deixava uma história e deixava certa transformação e isso foi uma marca muito grande porque a atuação da Suzana não era só como cineasta, era como pessoa mesmo, ela era uma pessoa de muita presença. Essa presença transformava a vida das pessoas e eu acho que nós filhos fomos um grande esteio, ela nunca deixou de ser uma mãe, de ser família, ela gostava muito de nos ter a volta dela", continuou Flávia.

Tomás Rezende, o neto de Suzana, lembra que a avó dizia que dirigir atores era como cuidar de filhos. "Ela teve os filhos e depois teve os atores", ressaltou. Sabrina Greve confirmou o que Tomás revelou. "A Suzana foi minha mestra no cinema, foi a que me educou o olhar e adequou o que seria uma interpretação específica para o cinema e é esse cuidado amoroso que você tá colocando, Tom, de ser um desdobramento os atores-filhos eu senti isso total. A Suzana realmente pegou pela mãozinha e conduziu. Ao mesmo tempo, assim como ela era acolhedora, eu vejo que ela também empurrava a gente: 'vai lá e faz!'. [...] É uma relação direta, de respeito, de acolhimento e também de fortalecimento. Eu era muito inexperiente no cinema e ela me deu muita autoestima", esclareceu a protagonista de "Uma vida em segredo", de Suzana Amaral.

Sabrina lembra que Suzana dizia: "O meu jeito de dirigir é dar a impressão para o ator de que ele está fazendo o que ele quer enquanto ele está fazendo o que eu quero".

Suzana Amaral dirigiu três longas-metragens e os três foram obras adaptadas. Barreto define essa habilidade como uma tarefa de risco para o diretor. "Não é fácil. Adaptação de livro eu acho sempre um desafio grande e no caso de "A hora da estrela", um livro consagrado da Clarice Lispector ainda mais", colocou.

Flávia revelou que Suzana fez inúmeras versões de "A hora da estrela". "Dava, mais ou menos, uns 40 centímetros de papel porque naquele tempo era tudo datilografado, não tinha digital, nada dessas coisas. Era um volume muito grande e ela me disse assim: 'A sensação que eu tenho é que quando estou escrevendo a Clarice está do meu lado conversando comigo. Então quando eu escrevo e monto um roteiro, parece que a gente está escrevendo a quatro mãos'. Ela buscava realmente a visualidade daquilo que estava escrito, sem dúvida, mas eu acho que ela tinha uma paixão tão grande pela obra que ela conseguia transmutar", disse a irmã.

Flávia relatou ainda que poucas pessoas já leram o roteiro de Suzana Amaral. "Ela não dava roteiro nem para ator. E o roteiro, na verdade, era um grande guia para o set, não para o ator". Tomás completou. "Ela fazia um roteiro muito sumário e fazia todo mundo ler o livro e, a partir da obra literária, sair a concepção visual, a concepção da direção de arte, tudo vinha do livro", narrou.

O neto de Suzana lembrou que sua avó dizia que "os bons atores têm um tempo que, na verdade eu defini e ela concordou, que é um certo delay, é um tempo próprio, um tempo de uma coisa depois da outra, um grande mantra dela. A atuação tem que ser uma coisa depois da outra."

Marcélia entrou no papo evidenciando a importância de Suzana Amaral em sua vida. "Ela definiu a minha carreira, definiu o meu trabalho, me definiu como pessoa e como artista. Eu tenho extrema gratidão por ela ter me ensinado muitas coisas, principalmente a minha profissão em termos de interpretação. Ela falava muito da questão da concentração, da observação, da memória corpórea, da caracterização, do ritmo", recordou. Sabrina salientou: "A questão do ritmo, do tempo do ator era o DNA da Suzana".

"A grande mágoa da Suzana foi a falta de apoio ao cinema nacional. É uma coisa que em todas as entrevistas que ela deu, ela falava para a gente. Uma cineasta como a Suzana, que começa a filmar nos anos 1980 e termina nos anos 2009 e faz três filmes, não por incompetência, é realmente porque fazer cinema no Brasil é muito difícil. É uma grande mágoa dela e tem que ficar registrado", exprimiu Flávia com tristeza.

Em mais de 50 anos de trabalho, Suzana Amaral realizou diversos curtas-metragens e, além dos dois longas mencionados acima, fez Hotel Atlântico (2009)”, seu último filme que nasceu da obra do escritor João Gilberto Noll. Também exerceu o papel de professora e crítica.

O Cineclube é uma iniciativa da Escola de Gestão e Contas do TCMSP em parceria com a SPCine. "A gente tem desenvolvido uma série de atividades ligadas ao cinema. Esse ano continuamos mesmo com a pandemia porque a gente acredita que a arte precisa permanecer mais do que nunca. A gente acredita que a arte faz parte da educação, por isso um cineclube da Escola. A gente acha que a cultura e a educação é uma coisa só", pontou assim Marcos Barreto sobre a iniciativa.

Conheça mais de Suzana Amaral aqui: 

 

Marcos Barreto, chefe de gabinete da Escola de Gestão e Contas

 

Flávia Amaral Rezende, filha de Suzana

 

Sabrina Greve, atriz


Marcélia Cartaxo, atriz

Tomás Rezende, diretor, preparador de elenco e neto de Suzana Amaral

 


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