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Assessoria de Imprensa

Encerrando o ciclo de webinars sobre "Ecos do Comportamento" em 2020, a Escola de Gestão e Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) trouxe para debate o tema "Escutatória: o padrão da linguagem cooperativa", na última quinta-feira (12/11). Desta vez, o convidado para a conversa com a mediadora do evento, psicóloga e gestora das Relações do Trabalho do TCMSP, Luiza Correia Hruschka, foi o especialista em escutatória e diretor do grupo DO IT Brasil, Thomas Brieu.


Segundo a mediadora, conhecer uma ferramenta para lidar com o diferente, com os paradoxos e dissolver os conflitos é essencial. Por isso, o evento sobre escutatória focou em conteúdos para desenvolver as competências comportamentais, que são fundamentais nos dias de hoje. "Nesse novo modelo de gestão de pessoas, os funcionários, os servidores, passam a ser parceiros estratégicos dentro da organização e com isso eles se tornam mais atuantes e passam a ter uma postura mais participativa. Diante disso, tanto os gestores quanto a própria equipe precisa se preparar. [...] E a escuta é uma poderosa ferramenta para estar gerindo pessoas, trabalhando em equipe", destacou Luiza Correia Hruschka.

 
Hruschka passou a palavra ao palestrante fazendo uma primeira pergunta: "Qual a diferença entre escutatória e escuta ativa?". Brieu respondeu que caiu nesse mundo da escuta porque percebeu que ele mesmo não escutava. "Quando comecei a escutar mais e melhor, se abriu um novo mundo e eu percebi que foi como se eu colocasse óculos sobre os ouvidos e começasse a ouvir nitidamente aquilo que até então estava ouvindo embaçado. Isso mudou tanto a minha vida que comecei a me aprofundar nesse tema da escuta e vi que a escuta ativa talvez não fosse suficiente para descrever esse universo da escuta. Escutatória é uma palavra à qual o Rubens Alves deu vida, e decidi dar corpo."

 
O especialista então colocou várias dimensões dentro dessa palavra. A primeira foi escutar mais e melhor. "Só que não basta escutar mais e melhor, ainda preciso fazer com que o outro se sinta escutado. É aí que entra a prova da escuta e é na hora da prova da escuta que acontece a mágica. Então seria: escutar mais e melhor, mas fazer com que o outro se sinta escutado. Só que isso não é suficiente porque, uma vez que descobri esse universo da escuta, preciso reaprender a falar para ser escutado. O problema é que nós somos naturalmente limitados na hora de escutar uns aos outros [...], então eu preciso reaprender a falar para captar a atenção do outro", descreveu Brieu.


Além dessas, o diretor do grupo DO IT Brasil afirmou que colocaria mais dimensões dentro do corpo da escutatória. "Por exemplo, não adianta escutar o outro se não escuto a mim mesmo, porque ao mesmo tempo em que o outro fala eu também tenho uma voz interna, cheia de pensamentos, de informações, de julgamentos que estão circulando na minha mente. Eu preciso escutar o outro e também a mim mesmo. [...] E para terminar sobre o que coloco na palavra escutatória, ponho mais uma dimensão, que é escutar o não dito. Só que o não dito não é escutar aquilo que o outro não diz, esse é um erro que muitas vezes fazemos, fazemos suposições do que ele não disse. O que eu chamo de 'escutar o não dito' não é fazer suposição, escutar o não dito para mim é escutar o momento da conversa. 'Qual é o momento de argumentar?; qual é o momento de retomar a fala?; qual é o momento de acolher'. E quando você começa a escutar o momento para cada coisa você desenvolve uma ferramenta chamada foco. E não tem escutatória sem foco."

 
Para o trabalho em equipe e a gestão de pessoas, o palestrante disse que a pessoa terá liderança não por aquilo que tem, mas pelo que recebe. Ele define isso como um voto de confiança. "Esse voto de confiança, cada vez mais, vemos que vem da nossa impecabilidade na hora de comunicar, escutar e falar. É o que mais fazemos em 90% do tempo: escutamos e falamos. [...] A escuta é a primeira ferramenta do engajamento. Tem um artigo que saiu ano passado sobre trabalho colaborativo e a primeira coisa que sai é escuta. A segunda é empatia. Há pesquisadores de liderança nos Estados Unidos que falam 'liderança é extreme listen', ou seja, escutatória radical. E, cuidado, quando falo de liderança, não estou falando de liderar ou de uma posição hierárquica [...], estou falando de ficar no controle da relação. Hoje, o gestor é o que chamo de gestor alquimista porque ele precisa abrir um espaço para as pessoas verbalizarem, e para serem escutadas, sem perder o foco e mantendo uma exigência no foco muito grande. Não dá para escutar tudo o tempo todo e gerar uma coisa democrática demais que não adianta. Então o gestor vai conjugar essa abertura de um lado e essa firmeza, mantendo o foco", explicou.

 
Falando sobre como a emoção interfere na escuta, Brieu propôs uma primeira dinâmica e usou a mediadora como voluntária. O especialista realizou um pequeno diálogo de uma situação simulada e depois avaliou as falas, as respostas e as perguntas da ocasião, questionando Luiza sobre o que disse na dinâmica. Uma parte, Luiza não lembrou. "Luiza, você tem aqui a resposta sobre o papel da emoção na escuta. Você escutou apenas aquilo que provocou emoção em você e, provavelmente, aquilo que eu falei antes, embora fosse importante para a sua negociação, a sua mente apagou. [...] A nossa mente apaga o que é bom porque entre risco e oportunidade, fica com o risco, que é o nosso extinto de sobrevivência. Então, o meu convite, pessoal, é para vocês escutarem o positivo e comemorarem o positivo na fala do outro porque naturalmente vamos para o negativo. [...] Quando eu pego o positivo, o outro se sente escutado também", examinou o palestrante.

 
Brieu falou ainda da relação da escutatória com storytelling. "O professor que conta a história ou a pessoa que organiza o diálogo, quando eu falo do storytelling ao vivo é a capacidade de criar um diálogo onde as duas pessoas se sentem igualmente protagonistas de uma história que estão co-criando ao mesmo tempo. [...] E protagonismo não é só eu subir no palco, protagonismo é eu chamar a pessoa ao palco comigo. Isso é eu faço com perguntas abertas, chamando o outro a contar a sua história, escutando o outro. E, sobretudo, preciso falar provocando emoções, mas emoções positivas, porque é muito fácil provocar emoções negativas, mas aí vou provocar uma reação defensiva."

 
Algumas dicas que o palestrante deu para melhorar a habilidade da escutatória são:
 
* Fazer cursos;
* Decidir focar a atenção no outro;
* Calar a nossa voz interna, suspendendo temporariamente o ego.

Logo após, Brieu propôs outra dinâmica com a participação de todos os ouvintes. A pergunta feita foi: "O que você responde a alguém que te diz: 'Eu quero um carro econômico tipo o Uno'?", sendo a pessoa uma vendedora de carros. Logo após, o especialista avaliou as respostas dos participantes.

 
Quando a pessoa não quer escutar, o palestrante diz que é preciso acolher empaticamente e dar tempo. "O tempo é um momento importante. Agora, de forma geral, eu preciso dar para receber. Então, se a pessoa não me escuta eu vou ter que dar a escuta para ela, eu vou ter que investir um tempo para escutar, às vezes, aquilo que não quero escutar para conseguir falar", orientou.
 

Thomas Brieu respondeu a diversas perguntas dos participantes, tirou dúvidas, deu dicas e comentou sobre seus trabalhos, para que as pessoas interessadas no assunto se aprofundem no tema.

 
Se você perdeu e se interessou, assista aqui a transmissão na íntegra:
 

 

Luiza Correia Hruschka, mediadora do evento, psicóloga e gestora das Relações do Trabalho do TCMSP

 

Thomas Brieu, especialista em escutatória e diretor do grupo DO IT Brasil


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