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Assessoria de Imprensa

A programação do ciclo de palestras promovido pela Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP), sobre o tema "Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC): da geração à destinação final", teve continuação na sexta-feira (22/10). Na oportunidade, foram abordadas as "Experiências no combate ao descarte irregular na cidade de Belo Horizonte e sua aplicação em serviços e obras de engenharia".

 

Foram convidados para palestrar o chefe do Departamento de Destinação Final de Resíduos da Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte (SLU-PBH), diretor e membro Câmara Técnica de Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-MG), Pedro Gasparini Barbosa Heller, o diretor presidente (CEO) da empresa FREMIX, Valmir Bonfim, e o conselheiro da Associação Paulista Viva e gerente de desenho urbano da SPUrbanismo, André Graziano. A mediação foi realizada pelo engenheiro civil, assessor-instrutor na EGC, Amândio Martins.

 

Gasparini foi o primeiro a expor e trouxe uma apresentação da gestão da capital mineira no combate ao descarte irregular de RCC e volumosos. Entre as imagens exibidas, mostrou fotos de deposições clandestinas (como por exemplo, móveis inutilizados) que a Prefeitura encontra no caminho do combate ao descarte, o que traz a necessidade de ação corretiva com auxílio da equipe de limpeza. “Aqui em Belo Horizonte tivemos uma missão de caracterizar melhor o que seria esse resíduo, caracterizar em termos conceituais para que fosse nivelada essa informação. O que seria então uma deposição irregular? Alguns técnicos consideravam uma pequena quantidade de resíduos, outros só resíduos de construção civil [...]. Na nossa definição caseira, municipal, entraram os resíduos de construção civil, os volumosos, que seriam aqueles resíduos que a coleta não consegue atuar de forma convencional. Além disso, animais mortos, podas, resíduos domiciliares que tenha essa prática sistemática, repetida, de lançamento em logradouros públicos e que demanda esse constante recolhimento”, definiu o palestrante.

 

“Essa gestão de resíduos da construção civil aqui em Belo Horizonte leva a diferentes destinações. Nós temos duas principais: uma área de transbordo e triagem, que opera exclusivamente com resíduos de construção civil e volumosos (área de transbordo e triagem que fica localizada em uma central de tratamento de resíduos onde também se apresenta o aterro sanitário) e duas estações de reciclagem de entulho, que seria a parte boa, a parte menos contaminada desses resíduos”, explicou o chefe do SLU-PBH diante do fluxograma da destinação dos resíduos. “Os pontos de deposição clandestina também são coletados, removidos por máquina ou por ação de pá manual, carregam-se os caminhões e são levados para o mesmo destino das URPV [Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes], que são as áreas de transbordo e triagem”, completou.

 

O diretor e membro da ABES-MG informou que as URPV são pontos de entrega voluntária, de até 1m³ por viagem. Belo Horizonte possui 34 unidades, que envolvem os carroceiros (que destinam resíduos a essas unidades) e também os pequenos geradores. “Esses locais são controlados, mas são locais que sofrem com vandalismo e mau uso”, lamentou.

 

A prefeitura de BH gasta, por ano, aproximadamente R$ 6 milhões com a destinação final dos resíduos. “Temos contratos específicos para as ações tanto de remoção de resíduos, nos ecopontos, quanto para remoção mecanizada. O custo total de coleta nos ecopontos e nos pontos de deposição clandestina está em torno de R$ 50 milhões por ano”, informou Gasparini.

 

De reciclagem de entulhos, Belo Horizonte possui duas estações que produz materiais, como brita, rachão, altamente aproveitados pela Prefeitura.

 

Gasparini destacou que foi criada, em 2018, uma comissão permanente visando eliminar os pontos críticos de deposição clandestina. “Essa comissão nos trouxe resultados positivos. Primeiro, saímos um pouco ‘da caixinha’ de limpeza urbana e conseguimos desprender de que é uma ação só corretiva, só de limpeza, só de ecopontos. Precisávamos ter todos os órgãos integrados. Essa comissão integrou os órgãos de forma oficial através da própria Prefeitura de Belo Horizonte. Entra a parte de meio ambiente, entrou a parte de segurança e prevenção e a própria política urbana nesse foco de fiscalização. São ações que se tornaram integradas em fiscalizar, mobilizar as comunidades do entorno, mobilizar as pessoas de que essa não é uma prática correta e também ajudam no monitoramento desses pontos”, comentou.

 

Somadas às ações de geoprocessamento, de fiscalização, de ações corretivas, a Prefeitura de Belo Horizonte está trabalhando com os Pontos Limpos, que são ações de requalificação do espaço urbano. “Após a limpeza, a comunidade é chamada, esse espaço é requalificado e essas áreas tornam-se de pertencimento dessas comunidades”, finalizou, mostrando fotos de exemplos de pontos limpos e de espaço de destinação final.

 

Trazendo a experiência de uma empresa privada, a FREMIX, o CEO Valmir Bonfim falou sobre os cases de combate ao descarte irregular na cidade de São Paulo e sua aplicação em serviços e obras de engenharia.

 

Bonfim relatou que os materiais recebidos de caçambas, por exemplo, vêm bastante contaminados e, nesses casos, se torna necessária um processo de mesa de separação dos materiais. “Após a separação dos materiais inservíveis para uso na pavimentação, o RCD [Resíduos de Construção e Demolição] está pronto para a britagem”, esclareceu.

 

O resultado disso são os agregados reciclados. “Que são materiais granulares resultantes do beneficiamento desses resíduos sólidos, quer seja da construção civil, quer seja oriundos da fresagem de pavimentos asfálticos. Por suas características muito nobres, podem ser empregados na construção civil e também na pavimentação”, afirmou o diretor.

 

Na pavimentação em si se usa dois tipos de resíduos: o material fresado, proveniente do serviço de recapeamento asfáltico. “É um material muito nobre porque além do agregado, tem um residual asfalto que pode utilizar na reciclagem, minimizando e barateando esse serviço”, avaliou Bonfim. O outro material é o de demolição, o RCC ou o RCD.

 

Como case, o palestrante apresentou a desconstrução dos Edifícios São Vito, Mercúrio e o entorno. “Foi feito um projeto conjugado pela Prefeitura de São Paulo, onde se optou pela desconstrução e não pela demolição. Por que isso? Porque quando você faz a desconstrução de um pavimento, sem implodir e triar, se tira tudo que é madeira, tudo que é gesso, metal, janela, portas de madeira e restam apenas as colunas, vigas, lajes e as paredes para enchimento. Esse material sai praticamente limpo pra britagem e utilização na pavimentação”, exemplificou.

 

“Foram pavimentadas mais de 60 ruas e avenidas na cidade de São Paulo empregando o RCD britado como sub-base e o RAP [Reclaimed Asphalt Pavement] espumado como camada de base, inicialmente nas áreas periféricas da cidade e, posteriormente, nas Avenidas Sapopemba, Avenida Alexandre Mackenzie, entre outras. Ambas com grande volume de tráfego”, lembrou.

 

Nas conclusões, Bonfim deixou o alerta para que os municípios criem ecopontos para recebimento e destinação adequada dos materiais e produtos descartados e para que “os órgãos responsáveis (municipal, estadual e federal) fomentem o uso de material reciclado em obras públicas”, reforçou, destacando, ainda, que a legislação vigente deve ser cumprida.

 

Por fim, o conselheiro da Associação Paulista Viva e gerente de desenho urbano da SPUrbanismo, André Graziano, mostrou o reuso de resíduos em projetos de paisagismo por meio do programa Infraestrutura Verde e Gentileza Urbana. A ideia foi quebrar paradigmas e revelar que o reuso é feito há algum tempo, como no Parque do Povo e na Praça dos Pelados (em Campinas).

 

“Nós temos alguns pontos que, propositalmente, como a ideia do Parque é que fosse educativo, há o piso cinza, que é o concreto exposto para que as pessoas percebam que foi usado. Temos alguns pontos de testemunha no Parque do Povo”, contou Graziano.

 

A ideia do case da Praça dos Pelados era reciclar todo o entulho da Mostra+Sustentável 2018 em um espaço passível de certificação ambiental. “Nós não conseguimos ter nenhuma parede reta, nenhuma forma que não abrisse e isso virou ponto do projeto. [...] O jardim é todo feito e plantado em entulho, de telha, de material diverso de uma empresa em Valinhos que faz reciclagem de material”, contou o gerente de desenho urbano.

 

Sobre o atual projeto, revelou que o objetivo foi usar “as técnicas mais simples de projeto e de desenho para que as equipes pudessem compreender o que se esperava delas e atuar direto no campo. Nossa maior obra de capacitação era os próprios jardins sendo executados.”

 

A obra foi pioneira na sustentabilidade com:

  • Utilização da reciclagem do concreto removido da rua para o próprio jardim;
  • Asfalto/concreto da área do jardim removido, com uma área escavada com cerca de 1,20m de profundidade e preenchida com entulho reciclado/rachão e sobre essa material poroso foi colocado a terra com composto orgânico produzido pelo Pátio de Compostagem;
  • Mudas, como árvores, palmeiras, arbustos e forrações predominantemente nativas, oriundas dos viveiros municipais Manequinho Lopes e Cemucam;
  • Espaços saudáveis, gentis, educativos, ambientalmente reconhecidos e valorizados pela população.

 

O palestrante também mostrou o maior jardim de chuva do Brasil, produzido na Rua Major Natanael, com 2.700m² feitos com entulhos. Além desses, Graziano passeou por outros projetos durante sua explanação, como os das Biovaletas na Avenida 23 de Maio, das escadarias verdes da Avenida Nove de Julho e do Viaduto Dona Paulina, entre outros.

 

Ao término da palestra, o mediador Amândio Martins assumiu a palavra e abriu a oportunidade para debate entre os participantes. Os espectadores também puderam fazer perguntas pelo chat. A quarta palestra do ciclo acontece na sexta-feira (29/10), às 10h, e aborda o tema “Desafios da redução na geração, mercado dos reciclados e os aspectos sócio-econômicos”. Faça sua inscrição aqui para receber o certificado.

 

Assista aqui o evento completo da terceira edição:

 

 

Amândio Martins, engenheiro civil, assessor-instrutor na EGC e mediador do evento

 

Pedro Gasparini Barbosa Heller, chefe do Departamento de Destinação Final de Resíduos da Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte (SLU-PBH), diretor e membro Câmara Técnica de Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-MG)

 

Valmir Bonfim, diretor presidente (CEO) da empresa FREMIX

 

André Graziano, conselheiro da Associação Paulista Viva e gerente de desenho urbano da SPUrbanismo

 

 


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