Diante de experiências que convergem e que buscam dar soluções à gestão pública para fazer mais e melhor com menos, autores se organizaram para lançar um livro de 10 capítulos colaborativos chamado “Inovação na gestão pública: cultura, liderança, normas, métodos, tecnologia e aplicação”, em seminário homônimo. A mesa com os palestrantes aconteceu na Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP), na terça-feira (04/07), de modo presencial, e na quarta-feira (05/07), por meio da plataforma Teams.
A obra surgiu de um curso de pós-graduação lato sensu em gestão pública in company ministrada em várias subprefeituras e secretarias. Da pós nasceu o primeiro livro e, a partir dele, o segundo, objeto do lançamento.
Os temas têm como objetivo apresentar estratégias e perspectivas para proporcionar o conhecimento de técnicas para a aplicação da inovação, com a possibilidade de motivar órgãos públicos na aplicação de melhorias dos serviços aos cidadãos e para a sociedade. O livro considera, de um lado, os legados relacionados à formação histórica da cultura e complexidade das mudanças, aspectos legais e processos burocráticos, o desafio da liderança política e seus prazos finitos, infraestrutura urbana, gestão do conhecimento e o protagonismo do servidor de carreira. E, de outro, um rol de conceitos, ferramentas, metodologias e reflexões.
O primeiro dia do seminário reuniu, no painel "Tópicos de inovação na gestão pública", os organizadores do livro, Alécio Fiel Filho, professor e consultor de Qualidade; Carlos Eduardo Rodrigues, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA-USP); Maria das Graças Ferreira, professora e consultora de gestão organizacional e estratégica; e Rosane Keppke, arquiteta e urbanista, colaboradora da EGC e pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP. A mediação foi da presidente do Instituto Paulista de Excelência da Gestão, Adriana Manicardi.
A professora Maria das Graças, coautora nos temas de cultura e liderança, contou como foi a gestão do livro, a batalha e o entusiasmo na qualidade da gestão. Alecio, coautor nos temas modelos e fontes de inovação e sistema de gestão da inovação, retomou o contexto do primeiro livro, lembrando que se basearam nos critérios de excelência. Assim também foi feito no atual, que traz um estudo de caso ao final de alguns capítulos.
Rosane comentou a mudança de paradigma e a importância da capacitação para os servidores, já que o modelo gerencial estava chegando, na época, à gestão orientada por resultados, focada no cidadão, no cliente. Carlos Eduardo disse que foi um grande aprendizado formar as turmas. "Foi muito legal ver que as pessoas fizeram o trabalho e implementaram no setor público", declarou.
"A nossa preocupação, quando fizemos o projeto, era pensar no sistema de gestão como um todo e nós [Maria das Graças e a coautora Eliete Brito] ficamos responsáveis por duas questões, que considero básicas, relacionadas a pessoas: o gestor público em ambiente de inovação e o outro capítulo escrevemos sobre cultura e clima organizacional em repartições públicas", completou Maria das Graças.
Boas ideias podem se tornar inovações, segundo Alécio Fiel Filho, e foi sobre isso que escreveu. Rosane compartilhou que ao sentar com os organizadores, sentiu que deveriam trazer o estado da arte da inovação no serviço público municipal. E Carlos disse que seus capítulos buscaram esmiuçar o que há de tendência mais recente na inovação.
Entrando no segundo painel "A gestão pública na era da inovação continuada", o criador do site "Observatório do Conhecimento", José Antonio Carlos, usou como ponto principal uma explicação do porquê a inovação se tornou imprescindível. José Antonio divide texto com o arquiteto e urbanista especializado em Administração e Planejamento Urbano, Roberto Agune. A proposta dos autores é trabalhar com o método da inovação organizacional para melhorar o serviço. Os 12 passos para implementá-la são:
• Planejamento;
• Governança;
• Arcabouço legal;
• Tecnologias de apoio à inovação;
• Ferramentas de apoio à inovação;
• Cultura;
• Habilidades;
• Rotina Inovadora;
• Recompensas;
• Métricas;
• Relação com o novo ecossistema da inovação; e,
• Relação com a cidadania.
Ao fim do primeiro dia de evento, a consultora na área de gestão empresarial Eliete Brito focou no reconhecimento dos valores e crenças da organização para mudanças. Isso inclui artefatos (comportamentos e práticas); valores compartilhados (interpretações) e suposições básicas (valores essenciais).
Após a apresentação, os autores autografaram os livros dos participantes presentes.
No segundo dia do seminário, pelo Teams, a assessora de gabinete do TCMSP, Alessandra Sales, utilizou-se da Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei Licitações Contratos) para aplicar ao seu capítulo. Alessandra reforçou a necessidade de não a usar como as outras leis, mas de forma que quebre paradigmas, ligue pontos e ajude em checklist presentes na gestão, por exemplo.
O gerente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Nilton Gomes, elogiou a obra. “O livro traz uma abordagem muito simples e dinâmica”, observou o autor do tema transformação digital e smart cities. Na gestão, ponderou que se deve fazer pelo cidadão o que ele nem espera que se faça. "É fazer o simples que resolve", ensinou.
Nilton também comentou que é necessário um mapa de planejamento para surpreender o cliente com atenção às suas necessidades, questionar a razão de cada plano na transformação digital e, no conceito de Sociedade 5.0, fazer com que haja humanização de tudo o que foi alcançado com a tecnologia, fazer das pessoas o centro e das cidades, smart cities.
Segundo a professora da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), Iara Negreiros, seu capítulo "discute a agenda, os conceitos, os desafios, os instrumentos e indicadores de planejamento e gestão das cidades sustentáveis, inteligentes e resilientes", fundamentado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
O professor da Faculdade de Tecnologia de São Paulo e consultor, Douglas de Matteu, e a coordenadora do Grupo de Excelência de Pesquisa Aplicada em Administração, Teresinha Covas Lisboa, abordaram as transformações digitais e como isso impacta e se conecta com a gestão. Também falaram sobre computação nas nuvens, sobre os desafios da internet e a segurança da informação; sobre o uso de ferramentas, como a impressora 3D e sobre startups.
Já o gestor de Tecnologias da Informação e Comunicação da Sabesp, Silvio Rocha, demonstrou que a inovação precisa ser olhada como um processo de geração de ideias, de estímulos e de ferramentas. Em seu discurso, lembrou como é preciso trabalhar o funil de inovação para mudanças de comportamento ligadas à tecnologia.
Alécio Fiel Filho falou novamente, desta vez sobre o último capítulo do livro, o capítulo 10, que trata da Norma ISO 56.002, sobre sistema de gestão da inovação.
Entre os autores, Rosane fez a mediação e encerrou sorteando um livro, além de fazer a doação de um exemplar seu.
Assista aqui a transmissão do primeiro dia:
Adriana Manicardi, presidente do Instituto Paulista de Excelência da Gestão
Maria das Graças Ferreira, professora e consultora de gestão organizacional e estratégica
Rosane Keppke, arquiteta e urbanista, colaboradora da EGC e
pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP
Alécio Fiel Filho, professor e consultor de Qualidade
Carlos Eduardo Rodrigues, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA-USP)
José Antonio Carlos, criador do site "Observatório do Conhecimento"
Eliete Brito, consultora na área de gestão empresarial
Autores e organizadores da obra
Sessão de autófrafos pós-seminário
Segundo dia de seminário, realizado pela plataforma Teams
