Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 

Assessoria de Imprensa, 30/04/2019

A Escola de Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) recebeu, na segunda-feira (29/04), especialistas em controle de cheias para a apresentação das principais causas de inundações e as novas técnicas para contê-las na cidade de São Paulo. A palestra foi mediada pelo coordenador da Coordenadoria VII, da Subsecretaria de Fiscalização e Controle do TCMSP, Ayrton Neiva Jr.

Entre os palestrantes estavam os professores da Universidade de São Paulo (USP), como o titular da Escola Politécnica, o engenheiro Mario Thadeu Leme de Barros; a engenheira da Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica, Ana Paula Brites; e o coordenador do Radar Meteorológico e Redes de Monitoramento da Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica da USP, Flavio Conde.

Introduzindo o assunto, o professor e engenheiro Barros esclareceu que o controle de cheias é uma das quatro grandes áreas do saneamento básico que envolve: abastecimento e distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto, coleta e tratamento de resíduos sólidos, drenagem e controle de cheias. "Quando a gente fala hoje em controle de cheias, temos de considerar dois fatores importantes: a quantidade e a qualidade dessa água porque ela vai também contaminar e poluir os córregos da cidade", afirmou o engenheiro.

Para ele, as cheias são consideradas fenômenos temporários, naturais ou induzidos pela ação humana, que provocam as inundações, que, por sua vez, são cheias excepcionais que fazem com que os rios extravasem, ocupando grandes áreas, formando os chamados leitos maiores.

O professor Barros justificou esses fenômenos pela ocupação de rios e córregos. “O grande problema ligado ao uso e ocupação do solo é a impermeabilização dele [solo]. Então, quando chove, imediatamente aparece o escoamento superficial, que é essa água que chega rapidamente aos córregos e rios e que faz com que a vazão deles aumente quase que imediatamente", justificou o palestrante.

Como consequência desses desastres, a cidade enfrenta:
• Mortes por afogamento, escorregamento de morros, contaminação (leptospirose e outras doenças);
• Danos materiais (moradias, comércio, indústria, etc.);
• Congestionamentos e perdas no trânsito (cargas, veículos, etc.);
• Desvalorização comercial de áreas;
• Deterioração e contaminação de áreas;
• Diversos outros fatores que deterioram ainda mais o padrão de vida urbano e o meio ambiente urbano.

O professor explicou que a relação do grupo com a Prefeitura objetivou a composição do primeiro Plano Diretor de Obras de Drenagem da Cidade de São Paulo, bem como manuais de drenagem urbana com todos os conceitos, técnicas de drenagem e aspecto de gestão de drenagem urbana.

O palestrante também mencionou que existem dois grandes grupos de medidas e ações de engenharia para controle de cheias. "O primeiro deles é de medidas estruturais, obras hidráulicas, obras civis de pequeno, médio e grande porte", afirmou o engenheiro. São elas: micro drenagem; canalizações; barragens; galerias fechadas; retificação de córregos e rios; drenagem (desassoreamento); obras de detenção (reservatórios/piscinões); drenagem forçada em áreas baixas; estações de bombeamento, etc.

Outra categoria de medidas importantes são as chamadas não estruturais. "Nesse aspecto é muito importante a lei de uso e ocupação do solo", destacou Barros. Outros fatores são: planejamento e gestão da macro e micro drenagem; integração com outras intervenções urbanas; adoção de pavimentos permeáveis; fiscalização intensa e educação ambiental; sistema de coleta de lixo adequado; manutenção eficiente de obras de drenagem; sistema de ações civis para minimizar os impactos das inundações (defesa civil, polícia, trânsito, serviço social, abrigos, hospitais, engenharia, etc.; mapeamento das áreas de risco e sistemas de alerta.

Por fim, ressaltou que “os fenômenos da natureza são aleatórios" e que "na medida em que a vulnerabilidade aumenta, cresce o risco de dano", segundo o professor da Poli.

Na sequência, a engenheira Ana Paula Brites falou sobre os cadernos de bacias hidrográficas que são desenvolvidos, segundo a especialista, "para dar um subsidio técnico, um suporte para a Prefeitura na tomada de decisão das questões da drenagem urbana".

O caderno estrutura as diretrizes básicas para critérios de planejamento de gestão, faz um diagnóstico da bacia envolvendo características físicas, padrão de urbanização, levantamento de inundações através de diagnósticos, levantamentos já realizados pela Prefeitura e verificação em campo. “Trazemos como grande produto o mapeamento das zonas inundáveis que está associado ao risco de inundação [...] e os postos da rede telemétrica", ressaltou a engenheira Brites.

Há no caderno também a modelagem da bacia e um campo para alternativas propostas com medidas estruturais e não estruturais; apontamentos de etapas de implantação das alternativas; zoneamento de áreas sujeitas a inundações; e estimativa de custo para cada alternativa.

Entre os critérios adotados, está o risco hidrológico para o período de 100 anos. "Esse risco hidrológico está associado a um custo. Quanto maior a segurança hídrica, maior investimento nas obras de drenagem é necessário”, ressaltou a engenheira. Também o de implantação em três etapas, o de chuva de projeto, de projeção da ocupação do solo (que mostra o quanto a bacia ainda pode ser impermeabilizada) e, por último, o critério de análises dos custos com uma planilha de valores-base de obras já executadas pela Prefeitura de São Paulo.

O tema final debatido pelos especialistas foi o Sistema de Alerta a Inundação de São Paulo. O professor Flavio Conde comentou os dois principais objetivos do monitoramento. “O primeiro é monitorar para fazer um sistema de alerta, pois sem monitoramento, inexiste. [...] E o segundo é o planejamento. Nós precisamos conhecer os fenômenos que geram as inundações para que consigamos tratar e dar o devido encaminhamento para o problema das inundações aqui no município", destacou ele.

O sistema de alerta da cidade foi criado dentro da Escola Politécnica por meio de pesquisas. "Inicialmente foi pensado o sistema de alerta depois de uma inundação severa que aconteceu em 1977, na represa Guarapiranga, que, por muito pouco, não transbordou e colocou em risco o principal barramento do município. [...] Naquela época se pensou em criar um sistema de alerta com monitoramento em tempo real", informou o coordenador do Radar Meteorológico e Redes de Monitoramento da Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica da USP.

Conde revelou ainda cada etapa da elaboração do Sistema de Alerta a Inundação de São Paulo como está concebido hoje, desde o material necessário até os dados que ele apresenta. "Hoje contamos, só no município de São Paulo, com mais de 150 pontos de monitoramento", informou.

A cidade conta com três principais áreas de atuação de monitoramento: "a Rede Telemétrica, que monitora rios, os córregos e a chuvas em solo; os Radares Meteorológicos, que monitoram a chuva na atmosfera; e o modelo para previsão de inundação (em tempo real)", elencou o coordenador.

Outra ferramenta destacada foi o Sistema de Alerta e Escorregamento. "Temos hoje cerca de 400 áreas de risco classificadas em risco alto e risco muito alto. Esse risco de deslizamento está intrinsicamente ligado ao acumulo de chuva nesse local. Sendo assim, trabalham com o conhecimento da área e com informações do radar meteorológico e dos pluviômetros”, disse Flavio Conde.

Por fim, o coordenador deixou claro que toda a tecnologia apresentada pelos especialistas transmite ao Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) as bases e as informações necessárias para atuar.

Ao final do evento, os palestrantes receberam o certificado de participação da Escola de Contas do TCMSP pelas mãos de colegas presentes na plateia.

Você pode assistir o evento completo aqui

O professor titular da Escola Politécnica da USP, Mario Thadeu Leme de Barros, apresentou um histórico, as causas, as consequências e as medidas de controle de inundações urbanas
O professor titular da Escola Politécnica da USP, Mario Thadeu Leme de Barros, apresentou um histórico, as causas, as consequências e as medidas de controle de inundações urbanas

A engenheira da Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica da USP, Ana Paula Zubiaurre Brites, mostrou os cadernos de bacias hidrográficas
A engenheira da Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica da USP, Ana Paula Zubiaurre Brites, mostrou os cadernos de bacias hidrográficas

O coordenador do Radar Meteorológico e Redes de Monitoramento da Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica das USP, Flavio Conde, falou sobre o Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo
O coordenador do Radar Meteorológico e Redes de Monitoramento da Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica das USP, Flavio Conde, falou sobre o Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo

A palestra foi mediada pelo coordenador da C-VII, da Subsecretaria de Fiscalização e Controle do TCMSP, Ayrton Neiva Jr
A palestra foi mediada pelo coordenador da C-VII, da Subsecretaria de Fiscalização e Controle do TCMSP, Ayrton Neiva Jr

Os especialistas em controle de cheias debateram as causas das inundações e as novas técnicas para contê-las na cidade de São Paulo
Os especialistas em controle de cheias debateram as causas das inundações e as novas técnicas para contê-las na cidade de São Paulo

A plateia participou com perguntas. Entre os presentes, o engenheiro da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), Pedro Luiz de Castro Algodoal
A plateia participou com perguntas. Entre os presentes, o engenheiro da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), Pedro Luiz de Castro Algodoal

Pedro Luiz de Castro Algodoal realizou a entrega do certificado de participação da Escola de Contas ao engenheiro Mario Thadeu Leme de Barros
Pedro Luiz de Castro Algodoal realizou a entrega do certificado de participação da Escola de Contas ao engenheiro Mario Thadeu Leme de Barros

Erica Tominaga entregou o certificado para Ana Paula Zubiaurre Brites
Erica Tominaga entregou o certificado para Ana Paula Zubiaurre Brites

Flavio Conde recebeu o certificado pelas mãos do servidor do TCMSP Ivan Juncioni de Arauz e do mediador do evento Ayrton Neiva Jr
Flavio Conde recebeu o certificado pelas mãos do servidor do TCMSP Ivan Juncioni de Arauz e do mediador do evento Ayrton Neiva Jr

 


Adicionar comentário

Código de segurança

Atualizar

 
 
 
 
 
 

 

Assine a nossa newsletter para receber dicas de eventos, cursos e notícias da Escola de Gestão e Contas.

 

INSCREVA-SE!