Assessoria de Imprensa, 27/06/2019
A Escola do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) promoveu, nesta quarta-feira (26/06), a conferência “A Saúde Pública Municipal: a questão feminina negra”, com objetivo de debater e compartilhar conhecimento relativo à promoção do direito fundamental à saúde da mulher negra. Além de conscientizar sobre as limitações do modelo tradicional de saúde e a necessidade de promover a transição entre o modelo democrático e solidário de políticas públicas municipais.
A mesa de debate foi composta integralmente por mulheres, sendo mediada pela professora da Escola de Contas, Eliana Verdade. Quem iniciou as apresentações foi a mestra em Direitos Humanos pela Universidade de São Paulo, Simone Henrique, que não se restringiu apenas ao tema do direito sanitário, mas trouxe um contexto histórico sobre a população negra, baseado em suas pesquisas e vivências. Simone levantou temas como direitos básicos da dignidade humana, o percurso de gênero no Brasil, o feminismo e apresentou dados recentes e um recorte ideológico sobre o racismo institucional. "Eu não consigo pensar em saúde se eu não penso em acesso a educação, a moradia, a água, a esgoto, ao meio ambiente minimamente equilibrado, relações de trabalho mais sadias." Enfatizou.
Também participou do evento, a Professora da Escola de Contas, Suelem Benício, que levantou uma reflexão sobre como o tema da saúde da população negra acende a agenda de políticas públicas. "É um fato que o Sistema Único de Saúde, em uma perspectiva universal não dá conta das especificidades da população negra. Se eu trato pessoas diferentes de forma igual, eu não estou promovendo a igualdade. Eu só promovo a igualdade quando eu penso nas diferenças dos grupos que eu vou atender.”
Durante o debate, o tema Auto Declaração Étnico Racial também foi abordado e discutido pelas especialistas. Para Simone, “a auto declaração étnico racial é uma conquista, porque tem a ver com um o direito de auto reconhecimento e pertencimento. Em locais públicos a diferença no tratamento de pessoas brancas e pessoas negras é perceptível." Falando no âmbito da saúde, Suelem completa que "80% da população atendida pelo SUS, é negra. Dentro do recorte da população que se auto declara preto e pardo," segundo o último levantamento sobre os atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde.
O debate foi bastante rico e contou também com levantamentos e perguntas realizadas pelo público, respondidas pelas debatedoras. Simone encerrou o evento reforçando a importância de entendermos que toda pessoa tem direitos básicos, independente de quem seja. "Eu não retiro direitos de alguém quando eu afirmo a dignidade humana de outra pessoa. Na verdade eu só realço a dignidade de todos nós como espécie humana", finalizou.
O evento teve como objetivo de debater e compartilhar conhecimento relativo à promoção do direito fundamental à saúde da mulher negra
Simone Henrique trouxe um contexto histórico sobre a população negra, baseado em suas pesquisas e vivências
A conferência foi mediada pela professora da Escola de Contas do TCMSP, Eliana Verdade
O debate foi bastante rico e contou também com levantamentos e perguntas realizadas pelo público
Suelem Benício levantou uma reflexão sobre como o tema da saúde da população negra acende a agenda de políticas públicas
