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Assessoria de Imprensa, 24/10/2019

O auditório da Escola de Gestão e Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) realizou, na noite desta quarta-feira (23/10), uma mesa redonda em memória do operário Santo Dias, assassinado pela Polícia Militar paulista em 1979, aos 37 anos, na porta da fábrica Sylvania durante um piquete grevista. O evento, que lembra os 40 anos de sua morte, também tratou da herança histórica desse líder sindical.

 

Nascido em Terra Roxa, a pouco mais de 400 km de São Paulo, em 1942, Santo Dias foi membro da Pastoral Operária de São Paulo e grande amigo do cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, dedicando sua vida de militante à luta pelos direitos políticos, civis e sociais dos mais desvalidos, e não apenas dos metalúrgicos, sua categoria profissional.

No debate estiveram presentes a jornalista e chefe da Presidência do TCMSP, Angélica Fernandes; o chefe de gabinete da Escola de Gestão e Contas Públicas do Tribunal, Marcos Barreto; Ana Maria do Carmo Silva, esposa de Santo Dias, e seus filhos, Santo Dias da Silva Filho e Luciana Dias, autora do livro “Santo Dias, quando o passado se transforma em História”; Eutrópio Barbosa, servidor do TCMSP e amigo de Dias; Mauro Iasi, professor da UFRJ; e Wlliy Correia de Oliveira, maestro e professor de Música na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Universidade de São Paulo).

Barreto fez um relato pessoal de quando ouviu, pela primeira vez, o nome de Santo Dias. “Tinha 11 anos de idade, estava com os meus pais no carro, comentando o assassinato dele. Foi o primeiro momento em que tive contato com algo extremamente violento. E estar aqui, 40 anos depois com a família, é bastante emocionante e forte para mim”.

Angélica reforçou a pluralidade do evento e o interesse da Escola de Gestão e Contas para a construção da cidadania. “Estamos ambicionando isso no dia a dia aqui do Tribunal.” A jornalista falou de como Santo Dias é importante para o resgate da história de São Paulo. “Não podemos contar a história da cidade sem lembrar os personagens que ajudaram a construí-la. Ganhei um disco em homenagem à luta e à memória de Santo Dias. Sabia todas as músicas de cor. Depois fui buscar sua história”, afirmou.

Ana Maria Silva, esposa de Dias, contou como era o metalúrgico no cotidiano e sua relevância para as lutas travadas naquele período. “Ainda temos muitas pessoas que acreditam que sua luta não foi em vão. Ele era uma pessoa amiga dos amigos, de grande bondade, e sua história não acabou”. Santo Dias Filho relembrou os tempos difíceis vividos pelo pai durante a ditadura militar e falou do papel de D. Paulo Evaristo Arns. “Ele contribuiu para abrir os caminhos da justiça e dos direitos humanos naquele momento. Foi um personagem muito importante na nossa vida e na do país”, ressaltou.

Luciana Dias, que escreveu com Jô Azevedo e Nair Benedicto, uma obra na qual conta a história de seu pai, autografou alguns exemplares da obra antes do debate. Para o público, contou as dificuldades que a família enfrentou após a morte do líder operário. “Sofríamos bullying na escola, muitas pessoas da nossa família também não acreditavam nessa luta. Minha mãe se manteve firme. Hoje, há 50 lugares que recebem o nome em memória de Santo Dias, como escolas, ruas, praças e centros culturais, além de prêmios voltados à defesa dos direitos humanos”, lembrou.

O sociólogo Mauro Iasi traçou um panorama de como era o Brasil na época da ascensão da luta sindical de Santo Dias. Para ele, vários aspectos determinaram a retomada das lutas sociais no final dos anos 1970. “A igreja teve um papel importante. Santo Dias, inclusive, fazia parte da Pastoral Operária. Era um contexto muito difícil, havia manifestações dos estudantes no Largo São Francisco, mas as pessoas ainda eram perseguidas. Após o assassinato de Santo, há uma mudança significativa, é um catalisador para as pessoas saírem à rua e protestar”, afirmou.

O maestro Willy Correia de Oliveira participou da gravação do disco “Santo Dias”, que registrou o trabalho do líder sindical em vinil. “Tínhamos um amigo em comum que estava, na época, em grupos de músicos operários que cantavam e queriam gravar um disco. Ele me perguntou se poderia ajudá-lo nisso, só queria respeitar a autenticidade daquelas composições”, explicou.

O servidor do TCMSP Eutrópio Barbosa foi um dos braços direitos na jornada de Santo Dias, sendo um de seus amigos mais próximos. “Chacrinha”, como é mais conhecido, foi um dos idealizadores do evento e dividiu com o público a história de sua amizade com o metalúrgico. “Ele não admitia a exploração do homem pelo homem, achava que todos deviam ter um salário digno. Lutava pela melhoria das condições de trabalho, pelo transporte coletivo... Era um lutador”, resumiu.

Ao final, as pessoas presentes, muitas delas antigas conhecidas de Santo Dias e partícipes de suas lutas, puderam render sua homenagem, em forma de depoimentos e até por poesias, como o metalúrgico e escritor Vicente Garcia “Espanhol” Ruiz, que presenciou a morte do amigo, episódio do qual ainda hoje guarda uma grande revolta. “Se havia alguém pacífico, este era o Santo”, disse ele.

Clique aqui e assista ao evento, na íntegra. 

Luciana Dias autografando seu livro sobre a vida de Santo DiasLuciana Dias autografando seu livro sobre a vida de Santo Dias

Marcos Barreto fez um relato pessoal de quando ouviu, pela primeira vez, o nome de Santo DiasMarcos Barreto fez um relato pessoal de quando ouviu, pela primeira vez, o nome de Santo Dias

Angélica Fernandes falou de como Santo Dias é importante para o resgate da história de São PauloAngélica Fernandes falou de como Santo Dias é importante para o resgate da história de São Paulo

Ana Maria Silva, esposa de Dias, contou como era o metalúrgico no cotidianoAna Maria Silva, esposa de Dias, contou como era o metalúrgico no cotidiano


Santo Dias Filho relembrou os tempos difíceis vividos pelo pai durante a ditadura militar


Luciana Dias contou as dificuldades que a família enfrentou após a morte do líder operário


O sociólogo Mauro Iasi traçou um panorama do Brasil na época da ascensão da luta sindical de Santo Dias


O maestro Willy Correia de Oliveira participou da gravação do disco “Santo Dias”


O servidor do TCMSP Eutrópio Barbosa foi um dos braços direitos na jornada de Santo Dias, sendo um de seus amigos mais próximos


O metalúrgico e escritor Vicente Garcia “Espanhol” Ruiz presenciou a morte do amigo

 


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