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Luis Eduardo Morimatsu Lourenço

De fato, existe toda uma série de pressupostos de ordem filosófica que acabarão por constituir uma teoria do sentido – e, consequentemente, da interpretação – cuja explicitação de fato mereceria uma exposição rigorosamente independente.

Dada a natureza do presente trabalho, não poderíamos desta forma proceder. No entanto, consideramos válido apontar, de forma vergonhosamente breve - e sem o desenvolvimento que faria jus à complexidade inerente de tal tarefa, reitere-se - alguns desdobramentos filosóficos que botam em cheque tal sistema de crenças.

Primeiramente, é preciso atentar para toda uma tendência - ainda em curso - no âmbito da filosofia da linguagem que procura superar uma concepção essencialista do “sentido” das proposições significativas, semântica essencialista esta em grande medida inspirado pelas ciências formais. ¹

Neste sentido, deve-se destacar toda uma série de correntes filosóficas que procuram ou procuraram conceber a linguagem para além de sua função meramente designativa e que, ainda, acabam por destacar a importância do horizonte fático, histórico e contextual, quando de uma teoria do sentido:

a-) No âmbito germânico, uma fecunda e honorável tradição que remete a autores do “Sturm und Drang”, do historicismo, e que acaba por assumir contornos bem definidos com a corrente fenomenológica-hermenêutica. Entre os representantes deste desenvolvimento teórico, pode-se destacar, entre outros: Herder, Humboldt, Dilthey, Heidegger, Gadamer e o Husserl tardio (já exposto às decisivas influências de Dilthey e de Heidegeer).

b-) Em paralelo, mas com pontos de intersecção já bastante destacados com a tradição germânica, a análise da linguagem ordinária - decisivamente influenciada pelo pensamento Wittgensteiniano exposto nas “Investigações Filosóficas” - e que possui entre seus destacados teóricos figuras do porte de J.L Austin, Searle, e Strawson.

c-) No âmbito do neopragmatismo americano, deve-se destacar especialmente Richard Rorty.

Válidas as palavras de Habermas:

No retrospecto de Humboldt, e inspirado pela tradição humboldtiana de uma linguística orientada para os conteúdos, Heidegger foi o primeiro a reconhecer o caráter paradigmático da hermenêutica desenvolvida nesse meio tempo por Droysen e Dilthey. Quase na mesma época, Wittgenstein também descobria na semântica lógica de Gottlieb Frege um novo paradigma filosófico. O que será depois chamado de “virada linguística” é, pois, efetuado numa versão hermenêutica e numa versão analítica².

 

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[1] Neste sentido, por exemplo: COFFA, 1991, pp. 62-141.

[2] HABERMAS, 2004, pp.63-64


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